Em setembro de
2011, em meio a nossa pesquisa recebemos a visita da diretora grega Kornilia Vasileiadou, do grupo Kanigunda, da
Universidade Aristotélica de Tessalônica, à nossa sede.
Ficamos então sabendo
que na Grécia, os artistas do grupo Kanigunda desenvolviam um processo de
pesquisa similar ao que estamos desenvolvendo, buscando nas raízes populares
gregas subsídios para a construção cênica. A pesquisa do grupo Kanigunda, na
Grécia, acontece em dois pólos: um deles busca descobrir e resgatar o uso do
coro grego e tem se debruçado nas vozes, sonoridades e histórias da Polifoniká[1],
e noutro pólo acontece uma busca às raízes ritualísticas do teatro grego
pesquisando os rituais do Ta Anastenaria[2].
Junto do grupo escolhemos fazer um intercâmbio e elegemos o texto As Bacantes, de Eurípides, como
motivador de uma dramaturgia coletiva e de rua, porque ele responde a algumas
questões estéticas que colhemos ao redor de nossa sede: o estrangeiro no novo
lugar (Heliopolis), o novo que não é reconhecido (Ipiranga x Heliopolis), a
defesa da tradição em contrapartida a vontade da mudança, a busca por outros
espaços, ritualização e coro, etc.
Visita de Korina e Morettho a Cia Quartum Crescente em Mauá
[1] São canções
tradicionais da região grega de Epirus ("Ήπειρος"). Nessa canção polifônica, que é uma
síntese das vozes que a compõe, cada voz tem uma função distinta, um jeito
específico de narrar historias que resgatam emoções profundas e fortes dos
gregos. Uma forma vocal coletiva e que expressa de forma cultural e emotiva as
histórias e os mitos coletivos gregos.Esses elementos ligam essa tradição vocal
ao coro da tragédia grega.
[2] O
Ta Anastenaria trabalha com elementos da música, da dança e de construção de
cenário. Trata-se de uma tradição grega cujo elemento básico é caminhar sobre o
fogo com os pés descalços em êxtase. Esse ritual verificado em algumas vilas da
Grécia, em especial na região de Thraki.Segundo pesquisas esse costume vem de
um antigo ritual religioso dionisíaco. A pesquisa busca na relação espacial,
com a musica, dança e elementos que a compõe traçar uma possibilidade de
resgate ritualístico da tragédia
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